terça-feira, 15 de outubro de 2013

Insônia

Matei você esta noite. Na verdade é o que eu gostaria de fazer. Te esperei desolada, em meio a copos vazios e esperanças arruinadas mas só ví seu fantasma.
Três meses atrás te ví num campo escuro cheio de armadilhas, a beira de um abismo...
Ontem abracei teu diário, juntei seus restos e os meus desfeitos em pedaços pequenos pra tentar montar um quadro novo, mas acho que eles só são úteis como coadjuvantes, para dar um pouco de brilho a pinturas alheias.
Três meses atrás eu confundi sua voz com o vento, tão suave que ela era... no dia seguinte joguei meu cinzeiro fora, mas eu só sei que você não apareceu mais porque volta e meia tenho que limpar minha escrivaninha para jogar as cartelas de comprimidos no lixo, ou refazer meus curativos sozinha, de novo.
Mas agora já sei o que fazer quando você aparecer. Vou afastar esses copos que estão em cima da sua foto e sussurrar com sua voz de vento: "Não, não fuja não, finja que agora eu era seu brinquedo"