sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Yara, 2009

Malas feitas, abraço apertado, de volta pra casa, sem papel e sem caneta.
Dor de cabeça, mar agitado.
Céu azul.
Sabor de decadência, amargo de saudade e de longe uma centelha de esperança de ouvir uma voz conhecida depois de tanto tempo... Depois de tanto tempo poder ter um segundo de compreensão e um ombro amigo, talvez mais que isso...
Yara deixou a pequena bolsa no banco de trás e saiu em passos pequenos, as mãos buscavam alento e os olhos algum sinal de vida.
- De longe o carro parece um brinquedo... tudo pode parecer um brinquedo - Disse com as pontas dos pés já próximos da beira da ponte enquanto se sentava. Estava com as pernas cansadas. Sentada, sentia-se melhor. A dor era menor, respirava com mais facilidade, via tudo com uma perspectiva melhor. Com a pequena carteira nas mãos procurava fotos, mas só encontrou pouco dinheiro, papéis em branco e uma caixa pequena de grafites.
Alguns minutos depois um ônibus passou, e o motorista curioso, porém cheio de receio parou para descobrir o motivo de um carro parado no acostamento, próximo a ponte, com uma das portas abertas e sem ninguém por perto, mas era tarde demais. Yara já havia abraçado a fantasia que a fazia respirar melhor, ou não ter de se preocupar com isso.