quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Começo e fim

Talvez há dois dias atrás ainda existisse alguma esperança...

Já cansada do clima eterno de despedidas, e conformada com o fato de que seu lar era o caminho entre uma cidade e outra, pegou a mala verde pela alça, e saiu em passos lentos, os olhos fixados em algo distante. Serena, esperava qualquer tipo de intervenção.
Como seria natural em tal situação, não demorou muito para que outras convidadas chegassem, e no início eram calmas, debulhavam sua expressão em um sorriso sincero de linhas muito finas, e escorriam pela pele excessivamente pálida, lugar de onde as cores e a saúde já haviam partido a muito tempo.
Não demorou muito para que o sorriso se fosse também. A boca, pequena, séria, se contorcia para não deixar sair nenhuma súplica. Ela já havia compreendido que a dor da saudade era um mal necessário e que logo mais seria curado.
Sentiu uma pontada muito forte na cabeça, que a fez parar. Colocou a mala ao lado dos pés, e baixou a cabeça, sentindo a despedida inevitável cada vez mais próxima. Procurou fugir, mas os pés já não a obedeciam. Neste momento, as ilustres convidadas pulavam exultantes de seus olhos, e escorriam trajadas de luto, tingidas pela maquiagem forte que usava.
De repente, seus olhos se fecharam, e ela não lembrou de mais nada.
Apenas imagens isoladas e que não faziam muito sentido vinham a sua mente...

O vestido longo e branco, as conversas, as discussões, as músicas escutadas e dançadas juntas, as cartas trocadas, aquelas que deveriam ser destruídas, tudo o que ela havia aprendido e ensinado...

Quando abriu os olhos, ainda não conseguia enxergar as coisas muito bem, mas a sensação desagradável foi passando ao longo de alguns minutos.

Acima de sua cabeça só via uma luz branca muito forte, e ao se virar, se deu conta de que estava em uma maca.

- Tudo bem? Já se sente melhor?- Perguntou afetuoso
- Não - Respondeu com a garganta entrecortada por suspiros e lágrimas - Eu disse que morreria de saudades. - Completou com um doce sorriso.
- Você é doida... - Respondeu também sorrindo e balançando a cabeça - Você conseguiu trazer as coisas que eu te pedi? - Perguntou receoso de estar exigindo dela mais do que deveria.
- Sim, está ali na mala - Disse se levantando e tentando sentar rápido demais, logo em seguida, caiu deitada novamente na maca - Nossa... Ai... O que aconteceu com minha cabeça? - Disse sentindo ainda um pouco de tontura
- Você desmaiou, esqueceu?- Disse olhando-a intensamente nos olhos
- Se não sabia como poderia esquecer? - Respondeu retribuindo o olhar
- Deixa, a mala está aqui, e eu também tenho que ir logo... Antes que você faça alguma besteira e eu desista. - Disse sorrindo
- Ah sim, e você realmente acha que eu seria capaz de uma coisa dessas? Que fofo. Quer um doce também, criança? – Respondeu pausadamente, fazendo referência a brincadeiras antigas dos dois.
- De preferência de laranja, você lembra? - Disse rindo alto
- Claro que sim - Respondeu rindo muito também.
- Tchau - Disse afagando-lhe o ombro direito - Não esqueça de me escrever
- Tchau - Ela disse colocando a mão no bolso do casaco - Não esquece nunca disso aqui - Disse lhe entregando um papel amassado e dobrado várias vezes

Fitou-a com carinho, fez um aceno de despedida e saiu.
No lado de fora da enfermaria, abriu o papel. Era uma foto que já tinha bem uns 3 anos...  Na imagem, duas mãos entrelaçadas que dançavam. A ponta de um belo vestido branco que parecia ter sido bordado à mão, e ao fundo, alguns vultos que pareciam também dançar. As mãos, encaixadas, pareciam ter sido feitas uma para a outra.
Deixando escapar apenas duas lágrimas com sabor de nostalgia, picou o papel em pedaços e atirou-os no lixo.
Do lado de dentro da enfermaria, a moça desorientada, com uma mancha roxa na testa, repetia sussurrando:

- Mais sete anos... Será que eu sobrevivo?

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Tentativa frustrada

     O dia estava sereno, os dois falavam baixo, mas a voz deles ainda era mais alta que o volume da televisão, o vento soprava relativamente forte do lado de fora, mas eles pareciam não ligar nem um pouco pra isso. Depois de algumas horas de conversa, o rapaz lentamente adormeceu. A moça então, pediu a mãe dele que lhe ajudasse a ajeitá-lo no sofá e assim fez, logo em seguida, empilhou os livros e os papéis ao lado da poltrona branca. Foi para a cozinha onde ela e a mãe dele tiveram uma conversa rápida. Saiu pela porta dos fundos que dava para o jardim, executou seu serviço, e então subiu rapidamente as escadas e se trancou no quarto do rapaz pelo lado de dentro.
Na maçaneta da porta ficaram os rastros do surto de raiva que muito provavelmente lhe traria conseqüências por longos anos...

     Atordoado, o rapaz acordou e estranhou o fato de estar muito bem acomodado no sofá. Procurou um relógio, mas não encontrou nada, se levantou e puxou a cortina, o sol já estava se pondo...
Olhou os livros empilhados agora em cima da poltrona, um papel amassado, com letras esparsas que pareciam ter sido escritas em meio a lágrimas diziam: "Acho que pode ser tarde demais". Ainda confuso, deixou o papel no lugar onde estava e ao se virar viu sua mãe, o rosto estava com feições duras, na mão segurava um pacote transparente com um vidro de soro fisiológico, bolotas de algodão brancas, e mais alguns aparatos para curativos. Coçou a barba rala sem entender e perguntou o que havia acontecido
- Suba - disse num tom de amor maternal
- O que foi? O que aconteceu? - Disse de forma pausada e calma
- Acho que não preciso pedir pra não fazer nenhuma besteira, confio em você - Entregou-lhe o pacote com as coisas e uma chave.

     Sem perguntar nada ele subiu os degraus lentamente, tentando lembrar o que havia acontecido. Aos poucos, trechos de imagens passavam em sua cabeça como em um filme. Sentia-se frustrado, ferido, e ao mesmo tempo preocupado e amedrontado.

     Viu um pouco de terra no chão próximo à porta e continuou sem entender absolutamente nada, fechou os olhos enquanto virava a chave e derrepente compreendeu tudo, correu em direção a cama, porém, procurou não fazer barulho. Ela estava sentada, com a coluna apoiada na cabeceira, olhando pela grande janela de vidro, as gotas pequenas da chuva fina que escorriam lentamente...

- O que você fez menina? - Perguntou apreensivo
- Dormi. - Respondeu sem olhar para ele
- Posso, é... Me... sentar?
- Claro - disse rindo: - Finja que o quarto é seu - Disse ainda sem olhar

Colocou o pacote de curativos em uma ponta da cama, e sentou-se ao lado, com muita cautela para não mover o colchão.

- Você está bem?
- Não sei - respondeu indiferentemente
- Você ainda não me disse o que fez, embora eu tenha alguma idéia
- Disse sim, eu dormi.
- Ah é? E sonhou? - falou como se conversasse com uma criança
- Sim.
- E como foi o sonho?
- Bonito.
- Pode olhar para mim, por favor?
- Posso...
- Então porque não o faz?
- Não tenho vontade

Ele levantou-se, ajoelhou-se diante dela, e tocou seu ombro, ela virou sorrindo insanamente.

- Você tem toda a razão - Ela disse com lágrimas nos olhos
- Sobre o que? - Perguntou apreensivo
- O pôr do sol aqui é lindo.
- Posso ver suas mãos?

O silêncio permaneceu por alguns segundos, rompido por passos na escada, ele levantou-se e trancou a porta, voltou a ajoelhar-se diante dela.

- Posso... Por... Por favor, ver suas mãos?
- Por que não - Esticou os braços, ele olhou abismado, abaixou a cabeça, pegou algumas bolotas de algodão e soro e começou a fazer o curativo.
- Andou brincando com alguma almofada de alfinetes é? - Disse rindo
- Não não, me feri nas suas ironias, seu imbecil - Disse sorrindo
- Pode me dizer o que realmente aconteceu? – Perguntou olhando-a diretamente nos olhos
- Só destruí aquele canteiro de rosas vermelhas do jardim. – Respondeu indiferente
- Posso saber por quê?
- Não gostei das flores, a cor delas dói. Me lembra aquelas flores que você me deu mês passado
- Não me admira que se pareçam, são as mesmas. – Respondeu um pouco irritado... Ela deu um longo suspiro, voltou a olhar a janela, mais uns dois minutos se passaram em um longo e torturante silêncio.

- Sua mãe não se chateou, ela queria me dar uma faca pra acabar com tudo de uma vez.
- Sorte sua, até semana passada aquele canteiro era o preferido dela.
- Ela disse que dá muito trabalho, não ia querer ninguém perdendo tempo regando aquilo.
- E seu sonho foi mesmo bonito?
- Foi... Descobri tanta coisa...

Neste momento ele terminava o curativo da mão direita, dava um beijo de leve nela, e se sentava ao lado da garota que recostava a cabeça em seu peito.

- Me conte tudo - Disse cheio de afetividade
- Foi estranho... sabe? No sonho eu olhava no espelho, eu vi que meus olhos eram bonitos.
- E realmente são muito lindos.
- E quando o sol batia no meu rosto, eles ficavam um pouco mais claros...
- Menos confusos? - Ele disse tentando compreender
- Exatamente isso. - Disse se desencostando do seu peito para fitá-lo : Já teve um sonho assim?
- Não - Ele respondeu triste - Mas gosto de ver seus olhos.

A garota voltou a colocar a cabeça no peito dele, confusa. Mas queria aproveitar seus doces segundos de paz. Ele se virou, olhou-a nos olhos, deu-lhe um beijo na testa e disse:

- Eu gosto muito de seus olhos... Mas eles eram ainda mais bonitos quando você enxergava...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Alterações

Olá pessoal do Jabuty!
Venho comunicar-lhes que o blog passará por algumas mudanças...

Consegui adicionar uma página só para os contos (ahh... sou ninja o/ rs) o que vai deixar o blog mais organizado, então as postagens que vinham junto com os extos 'Epitáfio' foram editadas.
Para minha alegria, Me lembrei que acabei de excluir a segunda parte de 'Epitáfio' e que provavelmente não exista uma cópia. Se eu tiver de reescrever acredito que não sairá igual ao original, portanto, se alguém leu e notar diferença já tá explicado o porque... (sou ninja baby.)

Acho que em breve estaremos de layout novo o/

Dicas de leitura: Bolo com Membros | Utopia

Beijos :*


13/04/10
O layout já foi alterado, mas eu nãão gosteii =/

quinta-feira, 13 de maio de 2010

"Jardim de inverno"


Eu relutei em acreditar quando vi uma flor vermelha crescendo no jardim. Fiquei por horas observando-a sem saber ao certo o que fazer. Com a ponta dos dedos, toquei de leve suas pétalas macias, mas recuei pelo medo de me ferir novamente nos espinhos.
Ah os espinhos! Quem poderia imaginar algo como isso? Estão de volta!
E eu que acreditei inocentemente na minha teoria de que uma consciência supostamente amorfinada poderia acabar com facilidade com qualquer tipo de vida naquele lugar que até então era só meu... Todas as flores secavam antes de terem cor em suas primeiras pétalas... E os espinhos cresceram de novo! Malditos espinhos. Alguém tire-os daqui por favor?
Como sinal de uma nova estação qualquer jardim no mundo se reveste de novas cores, com seu estilo próprio de conquistar a atenção de quem o observa. Os aromas adocicados das flores trazem visitantes agradáveis como borboletas e pássaros... Eu vejo um pequeno milagre se realizar todos os dias quando com cuidado separo para o plantio sementes de gérberas brancas, e no fim de algumas horas avisto um belo canteiro repleto de rosas vermelhas. Antes de tudo a surpresa, e só então a alegria...

Somente lamento que meu egoísmo e minha falta de esperança tenham trazido esses espinhos novamente... Por favor, me ajude a enterrá-los para sempre.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Inconcebivelmente Inevitável

Aquela despedida foi como qualquer outra seria. Ou pelo menos como eu imaginava que fosse. Abraços, pedidos de desculpas regados a lágrimas e tudo mais que o momento pedia. Era mais um dia a ser vivido, mais um caminho a se percorrido e estávamos dispostos a tudo mais que fosse necessário para que aquele momento fosse tão esclarecedor para ambos quanto fosse possível.

Eu de cabeça baixa, cuspia toda a tristeza e pedia incessantemente que ele fosse capaz de me perdoar por toda aquela vida de erros. Sentados ali, olhando as ondas pequenas que o vento fazia na água, evitando ao máximo os olhos um do outro, nos lembramos do início de tudo.
Das brincadeiras bobas, dos passeios no parque nos finais de semana, das cartas, das confidências. Do dia em que fomos apresentados formalmente à família um do outro, daquele passado tão livre e sem sentido, que não trazia agora nem serenidade.

Alguns minutos se passaram com olhares silenciosos, enquanto eu descrevia meu crime e aguardava minha sentença.

Passei os dedos na gola de sua camisa, tomei coragem para olhar em seus olhos pela primeira vez, e após tudo, pedi desculpas.
Ele então, colocou o rosto próximo do meu pela primeira vez desde que chegamos ali e pediu que me calasse.

- Mas... Eu não poderia deixar tudo terminar assim sem te dizer, sem, sem te pedir que me perdoasse. - Eu dizia em tom de desespero, puxando cada vez mais a gola da camisa, numa tentativa inútil de me prender a uma esperança que já estava sepultada a anos.
- Mas você não tem culpa. - Respondeu indiferentemente.
- E como não? Eu entendo o que você fez. Sei que não foi bem vingança.. Eu mereci. - As lágrimas indiscretas entravam em cena, e ele também chorava.
- Tanto faz. Você sempre soube que a culpa não era só sua.
- Ainda assim... Me perdoa?

Os segundos se arrastaram enquanto eu lutava para não sair correndo dali. Minha mão agora puxava a gola da camisa dele com a força e o desespero de quem exige uma resposta rápida. Ainda assim ele me olhava suplicante, sem dizer absolutamente nada. Virou o rosto para o lado para não ter de me encarar.
Inconscientemente soltei a mão de sua camisa e passei a fitar o chão

- Me... Me perdoa? - Eu perguntei com a voz trêmula, olhos fechados, esperando um não e qualquer reação violenta.
Talvez mais um minuto houvesse se passado, mas toda aquela aflição fazia com que poucos segundos parecessem horas. Até que ele se virou, colocou a mão em meu ombro, olhou em meus olhos, respirou devagar e perguntou-me:

- Você vai ficar bem?
Sorri lentamente, tentando afastar a letargia que tomava meu corpo. Mais umas duas ou três lágrimas escorreram vagarosas procurando seu rumo, demorando-se muito logo abaixo de meus olhos. Eu as enxuguei uma por uma e por fim, respondi:

- Não.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Breve despedida.

Sumindo... por um tempo. (Assim espero)
Olá queridos leitores do jabuty... escrevo hoje para
avisá-los de que irei 'sumir' por, sei lá duas semanas, antes
que o desânimo me obrigue a desistir do blog.

Tenho avaliado tudo o que tenho escrito e postado
por aqui,e, sinceramente acho que vocês merecem textos
com o mínimo de qualidade e que sejam realmente bem escritos.

Um abraço.
Até mais...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Realmente... "pouca coisa" !

Ainda me lembro com clareza do dia em que tentei ler pela 1ª vez.
Lembro-me da luta de minhas primeiras palavras tortas e borradas escritas em um caderno brochura com o auxílio da professora Regiane...
Lembro-me de passar a maior parte do tempo sozinha até descobrir o significado da palavra “amigo”. Lembro-me das viagens, de mudar de colégio e de gostar de um garoto pela primeira vez.
Lembro-me de aguardar ansiosamente o nascimento do meu irmão, e de adorar deitar sob a barriga de minha mãe para sentí-lo mexer lá dentro, e tempos depois de embalá-lo no sono com cantigas de ninar.
Lembro-me das festinhas de aniversário, de virar a noite enchendo bexigas e enrolando docinhos, de ganhar um vestidinho novo para usar na hora dos parabéns...
Lembro-me de receber visitas daquele amigo do meu pai que sempre me trazia presentes e de sempre dizer a ele: "Quando crescer, quero casar com você".
Lembro do sabor doce da infância com todas as cicatrizes da insensatez de quem quer somente alegria e que a obtém simplesmente por nunca pensar em buscá-la.
Lembro-me de entrar no ensino fundamental temendo mais que tudo não poder concluir
minha caminhada em direção àquilo que eu julgava ser o sucesso, e de ser totalmente assídua e exemplar não por vontade de fazê-lo, mas sim por estar acostumada à esse tipo de condição... Meus pais sempre diziam que mesmo que eu fosse a 1ª da classe, somente estaria cumprindo meu dever.
Lembro-me de ainda assim ser feliz e conviver bem com todos... Lembro do dia em que a palavra "amizade" passou a não existir mais em meu vocabulário, extinguida pela ação inconseqüente de outras pessoas. Lembro que a partir daquele dia o significado de "ódio" ficou muito mais claro para mim.
Lembro de me recuperar disso e de procurar voltar a acreditar naqueles sentimentos que para mim já não faziam o menor sentido.
Lembro-me de ter pessoas queridas muito mais distantes do que eu poderia supor ser capaz de suportar.
Lembro-me com saudades do meu primeiro emprego... A companhia do pessoal do restaurante realmente me faz falta, principalmente nas noites vazias de sábado.
Lembro-me que além daquele primeiro amor, idealizado e inocente, tive alguns outros, outras decepções, e que mesmo sem nunca ter acertado, eu ainda me julgo forte o suficiente para tentar mais uma vez...

Lembro-me do maior mico, da primeira ocorrência, primeira suspensão, do primeiro zero, de matar aula pela primeira vez, das discussões com aquele professor chato que fazia de tudo para que eu não assistisse a suas aulas e de irritá-lo o suficiente para ele desejar poder me esganar, principalmente pelo meu excesso de sinceridade. Porém me lembro também da admiração de muitos outros professores com quem ainda tenho contato e conservo amizade até hoje.
Lembro-me disso e de todos esses erros e acertos que vem como ônus de uma pré-adolescência muito bem vivida em um colégio que eu simplesmente amava. Apesar de todos os pesares.

Lembro-me do meu primeiro porre, do primeiro cigarro... Os primeiros passos da decadência.
De todos os erros, sem dúvida, os piores. Mas me lembro também com alegria de deixá-los para trás e concertar toda minha vida voltando meu coração para aquilo que realmente importa.

Lembro-me de depois de passar aproximadamente 3 anos somente estudando, de voltar a trabalhar... E como a experiência no restaurante me ajudou!

Lembro-me da última vez que mudei de colégio. Do meu primeiro dia de aula... De ficar encantada com tudo e conhecer pessoas realmente adoráveis! De estabelecer milhões de metas e logo em seguida abandoná-las. De conservar sonhos, fazendo um paralelo com minhas aptidões. De descobrir entre tantas, qual a profissão que eu desejava seguir.
De fazer da música um estilo de vida, das primeiras notas vagarosas tocadas ao piano, de não ter tempo para desenvolvê-las tanto quanto eu gostaria.

Lembro-me também de viver muito mais, mas sou consciente da minha limitação para descrever com exatidão cada um desses momentos que constituem boa parte da minha história...


Escrevo isto para provar que idade são somente números... Não provam nada em relação à experiência de vida

E tem gente que ousa dizer que em 15 anos eu não vivi quase nada!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Considerações rápidas sobre 2009/2010


Conheci muitas pessoas, mas não fui arrogante o suficiente para ser popular.
Idealizei muitas coisas, mas não tive sonhos o suficiente para ser feliz.
Descobri que o mundo inteiro pode ser meu, e ainda assim, continuei sem nada.
Descobri que a medida da verdade é a mesma distância que nos conduz à insanidade
Aceitei que os olhos são as janelas da alma... e procurarei deixar os meus fechados a maior parte do tempo quanto possível.
Brinquei com soluções e colhi lágrimas... Joguei com sentimentos alheios e colhi soluções.
Ocultei verdades preciosas e deixei de acreditar em mim mesma
Matei a esperança
Desenterrei o Rancor
Mantive acusações, desfiz opiniões, aceitei limitações.
Estraçalhei corações
Pisei em lugares perigosos demais
Perdi amores preciosos demais
Amarrei-me ao passado
Aceitei o peso do fardo
Cresci, mesmo sem saber.
Gritei, chorei,Orei
Errei.
Recomecei
Joguei fora todo o veneno, tentei abandonar vícios.
Procurei motivos
Afastei-me do abismo
Permiti-me sorrir, pude cantar novamente.
Sentir-me demente
Ficar doente de saudade
Apelar para a maldade
Agradeci por minha idade
E amaldiçoei-a também, porque não?
Ignorei compromissos
E me tornei omissa ao fato de desistir, porque afinal...

‘ E daí?’

“[...] Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...
Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier... [...]”
(Epitáfio – Titãs)

quinta-feira, 11 de março de 2010

E desde quando faz diferença?


Obriguei-me a levantar, e me arrumei rapidamente, sentei no sofá e fiquei olhando pela janela a noite escura que parecia não ter fim... Aquela manhã seria como todas as outras e eu já estava começando a me acostumar com tudo aquilo. O carro chegou e quando saí ainda haviam algumas estrelas pregadas no céu de veludo negro, que diminuía seu tom em um esverdeado claro acima das montanhas... Através dela o sol esperava ansioso para nascer a qualquer momento e deixar tudo aquilo menos amargo.
A aula acabou e decidi ir até a cozinha para comer algo...
Sentei-me em uma cadeira encostada na parede e comecei a comer o bolo... De longe ouvi o som crescendo... Aquela música! Aquela maldita música! A mesma com a qual ele havia me dito várias vezes que eu era única...
Ao som daquela maldita música ele me havia proferido palavras doces e eu me obrigava a fugir para evitar que ele sofresse... Eu nem acreditava, a trilha sonora dos momentos mais confusos da minha vida dos últimos dois anos inundava minha mente aos poucos com uma enxurrada de lembranças, espantando minha sanidade e plantando mágoas. Ele me olhava atentamente aguardando uma reação.
- Desligue, por favor - Pedi ainda calma.
- Não.
- Desligue, por favor - pedi novamente sem tanta paciência.
- Não.
- Desliga essa porcaria agora - Eu disse enquanto tentava acertar-lhe um chute
- Não, não vou desligar.
- Porque é que você não gosta dessa música? - A garota com rosto de boneca sentada ao meu lado perguntou-me. Sorri falsamente, como se fosse uma brincadeira.
- Desliga, por favor! - Pedi mais calma - Eu não quero chorar - Sussurrei.
- Você não devia chorar por coisas tão inúteis - Ele me respondeu friamente
- Se você prefere pensar assim...

Saí rapidamente... O sol agora já estava nascendo e a manhã já não parecia tão sombriamente triste... A luz inundava o corredor pela grande porta de vidro, e a claridade era tão pura quanto às lágrimas ali derramadas.

Não me importo com o que vai acontecer agora.
Ela irá lhe fazer feliz e eu lhe deixarei em paz...
Vou amarrar as pedras do passado em meus pés e me atirar nesse mar de isolamento que tem chamado por meu nome incessantemente.
A incerteza calará todos os meus gritos de agonia e as lágrimas serão então imperceptíveis.
Por muito tempo você não terá de se preocupar em livrar sua mente dos problemas que eu trago, e eu lhe manterei longe... Em minha vida agora só há espaço para mim e minhas lamúrias.

“[...] E eu não quero que o mundo me veja
Porque não creio que entenderiam
Quando tudo estiver destruído [...]”.
(Íris – Goo Goo Dolls)

terça-feira, 2 de março de 2010

Novidades?!

(água...) (essa foi para quem sabe, rs 3³) Aiai...

Ok, deixando as piadas internas de lado... Venho para explicar porque eu sumi e porque voltei, para onde vou (pelo menos para onde pretendo ir), para dar alfinetadas em algumas pessoas... Ah... O básico de sempre

Sumi por - Tive muitos problemas nesses últimos meses. Muitos mesmo. Ainda não estou 100%, eu achei que pudesse ficar bem, mas (olha a alfinetada) eu só faço m** e algumas pessoas específicas que deveriam estar me ajudando conseguem deixar as coisas piores do que já estavam (éé... to revoltada mesmo).

Por outro lado revi meus conceitos e descobri o verdadeiro consolo onde eu já esperava encontrá-lo: Em meu Pai Celestial antes de tudo, e naqueles que tem se mostrado verdadeiros amigos, meu mais sincero agradecimento... Vocês não têm idéia da diferença que têm feito!

Voltei por – Estava mal e escrever sempre me ajudou a canalizar todo tipo de sentimento ruim, e, olhe que bom, estou aqui de novo!

- Ano de vestiba, estou estudando feito uma condenada! Se eu não tivesse um lugar onde desabafar e jogar todas as minhas angústias... Sério mesmo, já tinha pirado! [/viva o blogspot o/ /]

Eu perdi! Perdi o rumo da minha vida! Já estava mega decidida por fazer medicina, e mesmo que eu não passasse na federal, caramba, eu ia dar um jeito e pagar particular, mas sei lá. Eu me conheço bem o suficiente e não tenho vergonha de admitir que tenho limitações. Todo mundo sabe que é um dos cursos mais concorridos e que a 2ª fase inclui uma prova discursiva sobre biologia e química... Ah e eu sou uma tragédia em química! Até aí tudo bem, não fazia diferença para mim... Eu até comentei com um amigo do cursinho que eu não sou inteligente, mas pelo menos sou uma burrinha esforçada (: hahahaha.

Eu estava realmente disposta a me internar, me matar de estudar se isso fosse em prol da concretização de um sonho. Foi exatamente aí que as coisas começaram a ficar confusas... Quanto mais aulas eu assisto mais eu penso que é isso que eu quero fazer: Lecionar! Tem gente que considera isso tão medíocre, mas na minha opinião é maravilhoso : Irei estudar minha matéria preferida, transmitir meu conhecimento á outras pessoas, ajudá-las e ainda ser paga por isso! Parece até sonho visto dessa forma não?!

Para mim é uma das profissões mais nobres... Ganhando bem ou não, com alunos maus ou não tanto faz, eu admiro quem pensa assim como eu, e espero poder concretizar esse sonho se tudo der certo.

Espero logo poder criar um post com o título ''Caloura biologia UFPR"


Por enquanto é só!

Por favor, desconsiderem meu português super bem escrito na norma padrão ok?! Nunca fui boa com regras gramaticais e tal... Mas nos outros post’s eu tento pelo menos não é? Rs. É o sono gente, é o sono.

Abraço para todos!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Não importa para onde...
















O destino
me leve...
Meus passos
sempre me
trarão de volta
para casa.





"[...]Não me julgue assim
Nem me chame de louca

Vou viajar pelo mundo num segundo
Pelos becos imundos
E sumir na fumaça
Pra você achar mais graça
Quero sentir sua ameaça
De perto[...]"

(Dura feito aço - Luxúria)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

De volta ao... Lar??


Estou menos chateada hoje... Eu acho!
Um oi pra todo mundo que já descobriu que eu estou morta para orkut/MSN/twitter/facebook e afins
Voltei hoje pro Paraná... Que saudades da minha terra, do frio (muito mais do frio rs) dos meus amigos...
Em contrapartida quando chego aqui me sinto deslocada... Praticamente uma estranha
É esquisito isso você ter 2 casas e não se sentir totalmente bem em nenhuma delas... Mas esse tipo de experiência só faz crescer em mim o desejo de ter o MEU lar... Um canto só meu, só para mim.
(ok, ok, esse lance de solidão está me deixando ainda mais rabugenta... isso é um fato). Retorno às minhas atividades normais amanhã a partir das 05h30min AM! Se alguém quiser falar comigo me ligue porque eu pretendo ficar 'morta' para essas redes sociais por mais algum tempo...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Voltando...

Olá queridos leitores do jabuty! Quero informar a vocês que estou voltando
Totalmente diferente diga-se de passagem ainda não tão feliz quanto eu desejava mas,
buscando isso na medida do possível...
Muita coisa mudou na minha vida nos últimos 3 meses e me entristeceram o suficiente para que eu desejasse parar de escrever (/ainda bem que passou rs)
Volto agora com muito menos tempo (tendo que cuidar de mim mesma, da casa, estudando para o vestibular e vivendo de cá pra lá entre curitiba/colombo pr. e tubarão sc.)
Mas, vou tentar postar com mais frequência que antes...

Todos já estão acostumados com os pequenos contos e poemas que eu costumo postar por aqui, e quem me conhece sabe que a maioria (senão, todos) foram escritos baseados em pequenas tragédias do meu cotidiano... quem me conhece sabe também que justamente por isso eu decidi começar a 'escrever' (tentar, pelo menos), mas isso é uma longa história e eu não pretendo me prender à isso, não por enquanto...

Por isso venho com uma história nova a qual entitulei 'Epitáfio' (ok,ok, o nome já é batido... e a nível de curiosidade, sim , eu gosto daquela música que leva o mesmo nome, mas isso nada tem a ver com a escolha para o título)
Talvez não seja tão divertido quando caçoar das minhas próprias tragédias e escrever sobre meus próprios erros... Ou não...
Pensem o que quiserem... E eu adoro vocês de verdade poucos leitores desse meu blog quase falido!! =) Vocês são realmente muito importantes para mim!