sábado, 4 de abril de 2009

Novamente sem destino...

Ficar sem nada para fazer é extremamente desagradável... E quando me deparo com o rumo intediante que minha vida toma aos poucos, gosto simplesmente de sair sem destino...

Cheguei do colégio, almocei sem vontade, coloquei uma calça jeans soltei meu cabelo e saí. Não levou mais de 5 minutos até que aparecer um ônibus. Entrei nele em seguida. Fiquei feliz por ter um lugar para sentar. Fiquei naquele lugar estática, sem me movimentar, lutando para continuar respirando, me afogando nas minhas angústias... a dor de viver era tão intensa que ás vezes me pegava lutando contra mim mesma segurando as lágrimas que insistiam em querer sair de meus olhos... Segurei-as não sem grande esforço e tentei me concentrar na paisagem que via pela janela... o dia estava nublado e isso fazia a cidade parecer ainda mais cinzenta lá fora. Quando me dei conta, a moça que estava sentada ao meu lado já havia saído. O ônibus parou novamente e naquele lugar vago sentou-se um rapaz; que ao sentar instantaneamente tirou de sua mochila um livro. A forma como as palavras estavam dispostas me lembravam algum livro que eu já havia lido á muito tempo atrás, mas não recordava o nome...

Fiquei extremamente curiosa para saber se eu conhecia a história que mantia-o tão concentrado, mas não tive coragem de inclinar minha cabeça e acompanhar a leitura com ele, já tinha passado por isso uma vez e sabia o quanto era desagradável. Tentei olhar então, o reflexo das páginas do livro pelo vidro do ônibus... Inutilmente. Tudo o que eu consegui ver pela pouca claridade foi meu reflexo, A pele extremamente pálida e a boca colorida por um vermelho que chegava a ser vulgar... o desenho de um rosto de perfil concentrado na leitura, e as páginas tomadas pela luz do sol eram de um branco cegante... A disposição dos elementos, a luz, tudo perfeito... Exeto pelo fato de que eu não tinha uma câmera naquele momento para registrar a imagem que havia me causado tão grande fascinação. Senti que tinha a obrigação de descobrir o nome do livro. Esperei ansiosa o momento de ele descer do ônibus para poder ver a capa do livro; Me surpreendi ao ver que já estávamos chegando no terminal e ele ainda estava lá. Senti raiva por um momento, que em pouco tempo foi dissolvida pela curiosidade.

Ele só parou de ler quando o ônibus chegou do terminal, fiquei esperando que ele se levantasse para que eu pudesse sair. “Metas” era o nome do livro... Não consegui ver quem era o autor; uma capa azul clara desbotada e evidentemente gasta pelo tempo. Ele desceu do ônibus calmamente e eu em seguida. Fiquei feliz por ter jogado um pouco da minha tristeza fora e trocado-a pela satisfação ridícula por saber o nome do livro.

Andei sem saber direito para onde ia... Ao me preparar para atravessar a rua, senti uma mão puxando meu ombro para trás. O coração bateu mais forte. Medo de ser alguém conhecido. Virei-me instantaneamente, séria, porém com um sorriso falso guardado, pronto para ser usado de fosse necessário.

Era ele, o rapaz do livro. Até então ainda não havia visto seu rosto, que estava iluminado por um sorriso enorme. Olhos que brilhavam; satisfação de quem é naturalmente feliz. Chamou-me para entregar um cartão telefônico velho que caiu do meu bolso enquanto eu andava. Sorri sinceramente para ele e agradeci, envolvida por sua discreta alegria contagiante...

Continuei andando sem direção e o vi novamente. Virou a rua, pelo horário, devia estar indo para a faculdade. Encostei em um prédio, suspirei, pensei um pouco. Voltei para casa. Já tinha reflexões suficientes para uma vida inteira...

Aquele rapaz me fez lembrar tudo o que eu idealizei na minha vida inteira. Crescer, cursar uma faculdade, ser alguém... Tudo nele me lembrava a pessoa que eu fui algum dia. Desde a singeleza em sua voz até o brilho cativante em seus olhos. Tudo me lembrava a garota espetacular que eu fui algum dia: A garota que sonhava, fazia planos, culta, simpática... A garota que por uma necessidade maior de vingança eu matei dentro de mim à alguns anos atrás...

Eu tinha tudo o que precisava e insisti em uma vingança ridícula que só prejudicou à mim mesma...

A garota que a cada segundo eu tento trazer de volta.



- Nunca desista de seus ideais... viver sem sonhos é o mesmo que não viver...
Felicidade é pouco; O que eu quero de volta ainda não tem nome.

4 comentários:

Utopia disse...

Nossa...tá muuuuuiiitooo bom!!!!mas se me permite uma observação pessoal, vc continua a mesma pessoa, só o fato de lembrar do que acha que perdeu,já trás isso de volta. Lembre-se de que nada deixa de existir emquanto houver alguém que sinta saudade...Você sempre será a pessoa que admiro e que amo mto...vc me dá forças pra continuar...se desistir, eu tbm desistirei e aí teremos duas desgraças!!!!!
um super beijo...Fique com Deus, ele tbm te ama!!!

Anônimo disse...

Escreves muito bem Yasmim... parabéns por todos os post’s
Esse em particular me envolveu muito pois senti muita identificação...
Continue sempre assim ^^
Bjs

Ass.. not dream... o garoto sem sonhos q tenta reencontrá-los

Jabuti disse...

Valeu realmente Luh, mas se permite a observação essa velha Yasmim realmente morreu, no decorrer da vida evoluímos ou regredimos, e foi isso que eu fiz regredí e e estacionei, parei no tempo, mas sei que posso recuperar o tempo que perdi e não penso em desistir e espero q você siga adiante também sem pensar nisso, fique com Deus também Luh! (:

Jabuti disse...

Bruno, realmente bom lhe ver por aqui. Pelo que conheço de você e da sua vida, já imaginei que você gostaria deste texto; Escreves muito bem e eu realmente amo seus poemas.E você encontrará seus sonhos. Sei disso.Te adoro!